A confirmação - A perspectiva do João
Fomos chamados ao hospital para nos revelarem os resultados e o meu coração quase que saltava do peito tal era o nervosismo.
Quando lá chegámos e entrámos para o consultório, a médica foi direta ao assunto e comunicou-nos que se confirmava, que a Leonor tinha trissomia 21. Fez todo um discurso e eu fiquei sempre atento ao que ela dizia enquanto tentava "digerir" e interiorizar aquela situação. Eu simplesmente não sabia o que teria que fazer, como agir.
Viemos para casa em silêncio e ainda a refazer-nos do "choque", pois tive esperanças que fosse só uma suspeita até ao fim.
Chorei por um momento até me recompôr e pesquisar sobre essa síndrome. Até que pensei que chorar e estar triste não ia resolver nada e se a minha filha precisava de mim vamos então pôr mãos à obra.
Dei espaço à Neuza, ela estava muito triste.
Ao fim de 3 dias, decidido, fui reconfortar a Neuza porque percebi que isto tinha que ser um trabalho de equipa. Confrontei-a. Fui ter com ela e perguntei-lhe: " Vais amar a nossa filha de maneira diferente? Vais amá-la menos por ter trissomia?" e ela disse-me que não. Então vamos pôr mãos à obra que ela precisa de nós e principalmente do nosso amor e apoio. E assim foi (isto muito resumido porque ela escreve melhor que eu).
A Leonor ia ser um bebé que ia dar trabalho (mas também não conheço nenhum bebé que não dê, a Leonor poderia dar um pouco mais) e nós cá estavamos para lutar, conquistar e vencer com ela.
E assim começou a vida a três, recheada de amor, felicidade, inúmeras conquistas e um orgulho imenso pela minha filha.