A Importância do Desenvolvimento da Linguagem
Desde que a Leonor começou a ser seguida pelo Dr. Miguel Palha, médico de desenvolvimento que se tem especializado em trissomia 21, que soubemos de um estudo que estava a ser feito pelo Lisbon Baby Lab, no Laboratório de Fonética, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Mostramo-nos logo interessados e quisemos participar, no entanto, na altura a Leonor era muito pequenina e no mês passado entraram em contacto connosco para saberem se ainda estaríamos interessados, pois a nossa bebé já estaria na idade para poder participar do estudo e claro que a nossa resposta foi positiva.
Como sou uma mulher das ciências, sei que sem estudos e sem quem participe neles, não podemos ajudar-nos e ajudar os outros e este estudo seria importante para o futuro da Leonor. Eu, pelo menos, acredito que sim!
O estudo é sobre o desenvolvimento da linguagem e da comunicação nos primeiros anos de vida e o objetivo do mesmo é encontrar sinais precoces que mostrem como vai ser o desenvolvimento da linguagem nessas crianças. Esses sinais irão ajudar a perceber que tipo de desenvolvimento a criança irá apresentar, incluindo o eventual risco de perturbações da linguagem e da comunicação.
A identificação precoce do risco para estas perturbações é importantíssima para possibilitar o diagnóstico e intervenção precoces e promover o desenvolvimento da linguagem.
Este estudo é feito através da combinação de diversos métodos de investigação inofensivos e completamente seguros para os bebés, em que se analisa o desenvolvimento da linguagem e comunicação.
O que nos foi explicado foi que: "As capacidades perceptivas no 1º ano de vida do bebé parecem desempenhar um papel decisivo na segmentação da fala (discriminação de unidades fonéticas, sílabas, palavras, e suas combinações), o que por sua vez se reflecte na aprendizagem de palavras e no processamento sintáctico".
Ou seja, dificuldades a estes níveis podem conduzir a défices na linguagem. Sendo que há uma prevalência de défices da mesma numa variedade de perturbações do neurodesenvolvimento, entre as quais se encontra o Síndrome de Down (que é dos menos estudados), principalmente numa fase mais inicial da linguagem. E, portanto, este projecto centra-se nas capacidades dos bebés com Síndrome de Down, como é o caso da Leonor, para o processamento da fala em diferentes domínios linguísticos.
Então, hoje à tarde lá fomos nós. A Leonor teve de fazer uns exercícios e achou imensa graça e melhor, portou-se super bem.
Os exercícios eram simples, em 3 deles ela tinha de olhar para o computador, à medida que iam passando imagens e sons de forma repetida (eram sempre as mesmas imagens e os mesmos sons, apenas variavam quando o exercício era mudado) e o último exercício era com luzes: ela tinha à volta dela umas luzes - uma verde e duas vermelhas - e iam piscando (uma de cada vez), a Leonor teria de acompanhar as luzes que estavam a piscar, orientando-se para elas. Ela adorou e eu diverti-me imenso a vê-la fazer tudo como era esperado. O feedback foi muito positivo.
Agora o projeto vai continuar, os exercícios vão mudando consoante a idade das crianças e nós ficamos a aguardar que nos chamem novamente.
É bom sentir que o nosso país está a evoluir e que um dia mais tarde poderemos vir a ajudar outras crianças e jovens.