Desenvolver a Brincar
Sempre disse que a minha filha vai vencer, o meu coração de mãe sente que sim.
Se houve momentos em que duvidei? Claro que sim, sempre me questionei imenso sobre tudo e agora com a Leonor ainda mais, tenho muito medo de falhar como mãe. Nunca me vou esquecer de quando a Leonor foi pela última vez à consulta com a médica que nos deu a confirmação depois da suspeita. Eu achava mesmo que a minha bebécas estava a desenvolver bem, a terapêuta dizia que sim, a pediatra de desenvolvimento também , mas voltámos a esta médica para lhe mostrar uns resultados de uns exames que tinha sido ela a pedir para a Leonor fazer. Ela olha para ela, avalia-a e faz o exame físico à Leonor. Fiz questão de lhe dizer o que os profissionais de saúde que seguiam e seguem a Leonor nos disseram. Ela só diz: "Pois parece bem, apesar de ainda ter alguma hipotonia a nível do pescoço, mas ela só mama mesmo?" E perguntou-me mais umas 3 vezes se a Leonor só mamava mesmo, se eu só lhe dava mama...eu só pensava: "Bolas, mas a minha filha não pode estar a desenvolver bem com o meu leite? Tem de haver algo de errado com o leite que eu produzo só porque a minha filha tem trissomia 21 e não pode estar a desenvolver-se bem?" É porque era o que parecia, que ela tinha de ser limitada e não se podia estar a desenvolver assim...aí quase que acreditei que podia estar a falhar como mãe, mas eu sabia que não e naquele momento a única certeza que tinha era que não iria voltar ali e ficar a olhar para aquela médica. É claro que ainda hoje há momentos em que dúvido e questiono, mas tenho fé e muita confiança no trabalho da minha filha e em quem a acompanha. Como mãe, tento sempre dar o meu melhor e espero conseguir sempre ser a melhor para ela.
Por isso quando digo que sei que ela vai vencer, não é falta de humildade, nem se trata de ser convencida, mas sim porque eu acredito nela, porque acredito que com amor tudo conseguimos e a minha filha até pode nem fazer o 1º ano num ano, mas fá-lo-á em 2 ou em 3, nos anos que ela precisar, mas eu nunca a vou deixar desisitir e quando digo que sei que ela vai vencer é no sentido em que sei que juntas vamos conseguir os nossos principais objetivos. E quais são eles? Que ela se consiga integrar na sociedade, que seja autónoma e independente, porque infelizmente e por muito que quisessemos, nós não vamos conseguir estar cá para ela para sempre. Somos seres finitos.
Para a Leonor conseguir, no futuro, atingir estes objetivos que são tanto dela quanto nossos, tem, como já sabem, desde 1 mês de idade, terapia para a ajudar a nível físico e cognitivo, que é super importante. Mas, e se conseguíssemos juntar a estes níveis, a parte sensorial e a socialização (super importante até para a comunicação) com outros bebés?
Pois é, descobri o Gymboree Play & Musica - Restelo através das redes sociais e achei o conceito bastante interessante e entrei em contacto com eles para saber se não teriam um espaço aqui pela margem sul, mas para já só mesmo em Lisboa (e estou a falar apenas aqui dos arredores) e decidimos levar a Leonor a uma aula de nível 1. Sim, as aulas têm níveis, que variam consoante a idade do bebé/criança.
Fiquei estarrecida desde o primeiro minuto da aula, ao ver a minha filha com um grande sorriso, a participar nas actividades e a adorar os outros bebés. Estava tão curiosa com eles, visto que foi a primeira vez que esteve com outras crianças de idades semelhantes. Ela estava a adorar e eu a amar vê-la tão, mas tão feliz, via-se nos olhinhos dela. A minha filha estava, literalmente, a aprender e a desenvolver mais um bocadinho e estava a fazê-lo a brincar.
Achei bastante interessante o facto de ser possível desenvolverem a sua autonomia e confiança, bem como a criatividade e ao mesmo tempo (possivelmente mais para a frente) construirem todos amizades entre eles. É um espaço muito colorido, divertido e ainda me atrevo a dizer mágico.
Se vou voltar com a Leonor? Apesar da distância, com toda a certeza que sim.
Mas como a vida da Leonor não é só brincar, à tarde teve terapia.
Agora na terapia já começa a mostrar o mau feitio dela e quando não quer fazer algum exercício começa com as birras. Não é nada bonito de se ver, mas o que tem de ser tem muita força. É claro que como mãe me custa imenso ver que ela não quer fazer os exercícios, mas a importância que estes têm e terão na vida dela, leva-me a deixar o meu coração apertado e que chora com ela de parte e ajudá-la a superar-se. Ficámos felizes porque, a Leonor quando se colocou de barriga para baixo (posição que ela mais gosta e na qual passa a vida a colocar-se se nos distraímos) começou a arrastar-se para trás e segundo a terapêuta, é assim que começam a gatinhar, para trás.
Ao mesmo tempo que ficámos felizes, pensámos no sofrimento do Balu - o nosso gatinho - quando começar a ser perseguido por ela. Ele não vai ter descanso (ahahahahahah), no entanto, sei que vão ser grandes amigos.
Amanhã é dia da Leonor ir fazer análises para vermos como está a tiróide dela e a ansiedade já se começa a sentir aqui por casa, pelo menos esse sentimento já desceu em mim. Também iremos fazer uma visita ao Laboratório de Fonética da Universidade de Letras de Lisboa e prometo contar tudo num outro post.